terça-feira, 18 de agosto de 2009

TP4 - Seção 1 Escrita,crenças e teorias



Eu é que pergunto para a caneta
Gabriel o Pensador

Minha alma quando escreve
Tem a consciência leve
A caneta não faz greve
A caneta é que me leva

Ao planeta mais distante
A luneta mais possante
Malagueta mais picante
É a caneta quando escreve

Feito nave me transporta
Vira chave, abre a porta
Cerra grade, quebra,entorta
Sua tinta me liberta.

A Caneta é comparada aos trabalhadores, mas não faz greve, a um transporte, porque o leva, ao planeta e à luneta, ao mesmo tempo porque pode colocá-lo em um lugar completamente diferente, pode utilizar um instrumento para visualizar um lugar diferente e assim por diante. A caneta ora é transporte ora é instrumento.
A figura de linguagem utilizada nesse poema é a metonímia: a parte pelo todo.
O autor descreve o processo de criação de escrita, como um momento especial e que a escrita o liberta para imaginar lugares diferentes, vividos por ele mesmo,quando utiliza o transporte, ou observados por ele, quando utiliza um instrumento. “a caneta” .

A mão do poeta
Leo Cunha

Poeta tem mão de fada.
Quando ele escreve, a caneta
Voa que nem borboleta,
Vira vareta encantada.
Não é mais caneta,não,
É varinha de condão.

Poeta tem mão-de-obra,
Tijolo aqui,laje cá,
Cola a rima,tira a sobra,
Encontra a palavra mágica,
Segura a letra,senão
Ela cai na contramão!

Poeta é também mão-leve,
Rouba os sonhos infantis,
Sem platéia nem juiz,


Mistura num caldeirão
E ninguém diz que ele escreve
Versos de segunda mão.
[...]

O autor trata o trabalho do poeta como um experimento diferente, uma inspiração, qual o papel dessa inspiração no processo da escrita.
O ato da criação acontece de uma forma muito única e particular, cada um tem seu momento, o ato da criação também conta com o dom do poeta e habilidade para exercer e praticar tal ato.



Criar é uma tarefa de semi-deuses “ Poetas tem mão de fada”. Não seria um erro afirmar realmente que o poeta no momento de sua criação torna-se um. Mas todos nós podemos nos tornar um... Porque não?


O dom da criação pode ser despertado por nos professores no ambiente escolar, criando situações que despertem em nossos alunos o prazer pela leitura e consequentemente o processo de criação.

“Poeta tem mão-de-obra
Tijolo aqui,laje cá,
Cola a rima,tira a sobra,
Encontra a palavra mágica,
Segura a letra,senão,
Ela cai na contramão”

Esse fragmento mostra-nos que esse dom pode ser adquirido e trabalhado.
Esse assunto é um tanto polêmico, pois, várias pessoas podem quando querem, se dedicar ao oficio da criação, se preparando adequadamente para tal ato, contradizendo o fato do dom natural, e tornando esse ato em um dom adquirido através de muito estudo e dedicação. Cada um desenvolve o ato da criação da escrita de uma forma muito intima cada um em seu momento, de acordo com seu conhecimento de mundo, impressões pessoais entre outros fatores contribuintes.
Criar é uma arte, cada um com sua parte!

Como as lavadeiras...


Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal para secar.

Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.


(Graciliano Ramos)